Iniciativa contempla a instalação de mais de 1,2 mil armadilhas inteligentes em bairros estratégicos da cidade
A Secretaria de Saúde de Santo André, por meio do Departamento de Vigilância à Saúde, começou a utilizar uma tecnologia inovadora no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. A cidade passa a contar com 1.284 armadilhas inteligentes desenvolvidas pela empresa Biovec, que serão implantadas inicialmente nos bairros Jardim Santo André e Condomínio Maracanã, locais que nos últimos dez anos registraram os maiores números de casos das doenças.
A nova armadilha é feita de plástico resistente e utiliza água com uma isca de odor para atrair as fêmeas do Aedes aegypti que buscam locais para depositar seus ovos. Ao entrar no equipamento, o mosquito tem acesso a gaze tratada com um larvicida e um fungo entomopatogênico – específico para a espécie – que, além de matar o mosquito, impede a proliferação de larvas em outros focos.
O diferencial da tecnologia está em explorar o próprio comportamento do mosquito, que costuma espalhar seus ovos em diversos locais. Assim, ele sai da armadilha carregando o larvicida nas patas e contamina criadouros próximos, inclusive aqueles pequenos e de difícil acesso. Santo André é o 10º município do Estado de São Paulo a utilizar esse tipo de armadilha.
“Estamos apostando em soluções baseadas em ciência e inovação para proteger a saúde da população. A tecnologia chega como um importante reforço às nossas estratégias de combate ao Aedes e reforça o compromisso da gestão com ações efetivas de saúde pública. Essa é mais uma frente do nosso trabalho contínuo de vigilância e prevenção, que busca não apenas reagir aos surtos, mas atuar de forma inteligente, antecipada e eficiente para impedir a proliferação do mosquito e salvar vidas”, afirma o secretário de Saúde, Pedro Seno.
Todas as armadilhas são identificadas individualmente por um número de série e contam com um QR Code que, por meio de geolocalização, permite às equipes do Departamento de Vigilância à Saúde saber exatamente onde cada dispositivo está instalado. Isso facilita o monitoramento e o planejamento das ações de combate. A manutenção das armadilhas será feita por técnicos, que visitarão as residências a cada dois meses para renovar os efeitos do larvicida e do fungo.
“O diferencial desta tecnologia é justamente explorar o comportamento do mosquito, que costuma espalhar seus ovos em diferentes pontos. Com isso, ele sai da armadilha carregando o larvicida nas patas e contamina diversos criadouros, inclusive aqueles pequenos e de difícil acesso. Essa ação potencializa a eficácia do controle vetorial”, explica o diretor do Departamento de Vigilância à Saúde de Santo André, César Rangel Gusmão.
Além da armadilha principal, o projeto também conta com armadilhas ovitrampas, utilizadas para monitorar a presença e a proliferação do mosquito na região. Esses dispositivos funcionam atraindo as fêmeas do Aedes para depositar ovos em uma palheta dentro da armadilha. Posteriormente, essa palheta é removida e analisada pelos técnicos, permitindo identificar a quantidade de ovos e, assim, mapear com precisão os locais com maior incidência do vetor. A análise contribui para orientar as ações de combate de forma mais estratégica e eficaz.
A primeira armadilha foi instalada em uma residência da Rua Cistercense, no Jardim Santo André. A moradora Maria Ivani Rodrigues, de 74 anos, comemorou a chegada da iniciativa. “Fiquei muito feliz por participar do projeto. Aqui em casa, ninguém teve dengue, graças a Deus, mas já soube de vizinhos da rua que pegaram. É bom saber que a gente pode ajudar a proteger os outros também”, afirmou.
Cada armadilha é capaz de cobrir de 400 a 1,6 mil metros quadrados. A expectativa é que aos poucos outros bairros da cidade também recebam o equipamento e que desta forma seja possível reduzir consideravelmente os focos do mosquito e, consequentemente, os casos de arboviroses na cidade.